A cirurgia aberta com o auxílio de microscópio das hérnias de disco lombares e da estenose lombar foi durante muito tempo o padrão ouro na neurocirurgia. Com os avanços tecnológicos dos últimos anos, e sobretudo com o melhor entendimento da anatomia e da fisiopatologia ao redor da coluna vertebral e a sua complexidade, técnicas minimamente invasivas e endoscópicas foram ganhando espaço nas indicações de cada patologia.
Apesar das variadas vantagens, a cirurgia aberta tem um maior risco de complicações pós-operatórias como dor crônica, instabilidade, perda de sangue intra-operatória, todas elas devido às grandes incisões e manipulação e dissecção dos grupos musculares para-espinais, elementos ósseos e ligamentares. Assim, o desenvolvimento dos procedimentos microendoscópicos aumentou nos últimos anos em um esforço para fornecer tratamentos adequados por meio de incisões menores, preservando as estruturas musculotendineas da linha média e tecidos moles, diminuindo as chances de complicações, menos dias de internação hospitalar, possibilitando o retorno das atividades diárias do paciente de uma maneira mais rápida.
A cirurgia endoscópica percutânea para a coluna lombar foi criada no começo deste século no Japão. Requer apenas uma incisão na pele de aproximadamente 1cm, tornando-a uma cirurgia espinhal menos invasiva que as convencionais. É menos traumática para os músculos paravertebrais, resulta em menos fibrose dentro do canal e menos morbidade, menor tempo de internação, retorno mais precoce ao trabalho e maior satisfação geral do paciente. No início a técnica era utilizada somente para tratar hérnias de disco, ou seja, uma discectomia, que é a retirada do núcleo pulposo do disco. Depois, a foraminoplastia lombar endoscópica percutânea, que é a cirurgia para o tratamento da estenose do forame lombar, tornou-se possível graças ao desenvolvimento de uma broca de alta velocidade adaptada ao endoscópio. Mais recentemente, essa técnica foi aplicada também para descomprimir a estenose do recesso lateral.